O reganho de peso após a cirurgia bariátrica é uma realidade enfrentada por muitos pacientes, mesmo anos após o procedimento. Um dos principais fatores que contribuem para esse retrocesso é a dilatação da anastomose, a junção entre o estômago e o intestino delgado que, quando ultrapassa os 12 milímetros de circunferência, compromete a sensação de saciedade e facilita a ingestão de maiores volumes de alimento.
Entre técnicas, uma alternativa segura e minimamente invasiva vem ganhando destaque entre especialistas: o tratamento com plasma de argônio intragástrico. Para Dr. Mauro Lúcio Jácome, gastroenterologista, cirurgião do aparelho digestivo e especialista em endoscopia terapêutica.
“Essa técnica tem mostrado ótimos resultados na readequação da anastomose, possibilitando ao paciente retomar o controle do peso corporal com segurança. O procedimento é realizado por meio de endoscopia digestiva alta, o que o torna não invasivo e de rápida recuperação”, discute o médico.
Durante a sessão, um jato de gás argônio é utilizado para promover termo coagulação da mucosa gástrica ao redor da anastomose dilatada. Essa ação causa um processo de cicatrização controlada, que reduz novamente o diâmetro da junção para algo próximo dos 12 mm ideais.
“O que conseguimos com o plasma é uma retração da anastomose que gera novamente a saciedade precoce. Isso permite que o paciente volte a perder peso de forma progressiva, como no pós-operatório inicial da bariátrica”, explica o Dr. Mauro.
A quantidade de sessões pode variar de acordo com o grau de dilatação e a resposta do organismo. Em geral, são necessárias de duas a quatro sessões, realizadas com intervalo de semanas. “Outro ponto positivo é o tempo de recuperação. O procedimento é ambulatorial, e o paciente retorna às suas atividades habituais em até 24 horas. Já a prática de atividades físicas é liberada após três dias. No pós-procedimento, é essencial seguir uma dieta líquida por cerca de 10 a 14 dias, conforme orientação médica, para garantir uma boa cicatrização da mucosa tratada”, completa Jácome.
Pesquisas recentes vêm consolidando a eficácia do procedimento. Um estudo publicado no Surgical Endoscopy (2021) mostrou que pacientes submetidos ao tratamento com plasma de argônio apresentaram redução média de 15% do peso corporal total em seis meses, além de melhora significativa na qualidade de vida. Outro levantamento, da Universidade de São Paulo (USP), apontou que o tratamento endoscópico com plasma é seguro, de baixo risco e custo acessível, se comparado a operações bariátricas.
Contudo, o procedimento não pode ser entendido como uma luz no final do túnel. Existem outros métodos e até medicações que podem auxiliar na perda de peso. Um exemplo é o da Tirzepatida, que, quando aplicada sob orientação médica e da forma adequada. Pode acelerar o processo.
“É importante usarmos todos os recursos saudáveis e responsáveis a nosso favor. Porém, o plasma de argônio não substitui a reeducação alimentar nem a atividade física, mas é uma ferramenta valiosa dentro de um programa multidisciplinar de controle de peso”, finaliza Dr. Mauro.
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